ANÁLISE: o cenário mais provável, hoje, é Bolsonaro continuar a cair
A pergunta de 1 milhão de dólares da política brasileira, neste momento, é se Bolsonaro vai continuar a cair. Há outra: até onde? Só os áulicos imaginam que ele retomará o tamanho que teve. Só os doidos acreditam que cresce.
Recentemente voltamos a ter uma informação mais precisa a respeito do que pensa o conjunto da população. Ainda bem. Encerrou-se a fase na qual apenas estavam à disposição pesquisas limitadas e inadequadas a identificar atitudes e comportamentos dos eleitores de escolaridade, informação e renda menores, praticamente inacessíveis através de métodos chamados “remotos”, como as pesquisas feitas por telefone ou na internet. Eles não funcionam satisfatoriamente em sociedades como a brasileira, razão pela qual nunca foram adotados pelos principais institutos do País.
Na pesquisa face a face realizada entre os dias 11 e 12 de maio, o Datafolha mostrou que Bolsonaro tem, atualmente, uma intenção estimulada de voto, no primeiro turno, de apenas 23%. É pouco para um governante em exercício e que disputa a reeleição.
Em junho de 1997, a um ano e meio da eleição seguinte, Fernando Henrique tinha 34% das intenções de voto, quase o dobro de Lula, que estava em segundo lugar com 19%. Em 2005, Lula alcançava 35%, ficando Geraldo Alckmin, depois dele, com 15%. Em março de 2013, Dilma Rousseff atingia 58%, estando Marina Silva, no segundo posto, com 16%. Esses e os demais resultados são de pesquisas do Datafolha.
Os 23% de Bolsonaro são fracos. Só não acendem a luz vermelha porque os concorrentes que vêm a seguir estão em situação ainda pior. Nesta pesquisa do Datafolha, o terceiro colocado obtém apenas 7%, empatado, consideradas as margens de erro, com outros cinco possíveis candidatos. Na frente de todos, como sabemos, está Lula, com 41%, o que permite até pensar em vitória no primeiro turno.
De volta ao capitão. Digamos que recue ao índice que tem no voto espontâneo, que muitos analistas consideram ser o voto daqueles que se definiram. Ficaria com 17%, a uma distância de mira dos integrantes desse pelotão que o segue. Se fossem para um só nome, apenas esses 6% levariam o candidato ao quase empate com Bolsonaro. Seu desempenho ruim na intenção de voto, está claro, tem relação com os resultados ruins em todos os quesitos referentes à avaliação do governo. Seja na performance do governo como um todo, seja em políticas específicas, o capitão é reprovado pela maioria.
Os 23% de Bolsonaro são fracos. Só não acendem a luz vermelha porque os concorrentes que vêm a seguir estão em situação ainda pior
O destaque está no combate à pandemia. No enfrentamento do principal e mais preocupante problema que aflige atualmente a população, apenas 21% dos entrevistados disseram que o capitão faz um “ótimo” ou “bom” trabalho. Do outro lado, 51% responderam que seu desempenho é “ruim” ou “péssimo”. Números muito negativos, mas nem tão piores do que aqueles que seu governo obtém no conjunto da obra: 24% de avaliações positivas e 45% de negativas. Em outras palavras, os brasileiros reprovam a atuação do ex-capitão no todo e na parte mais importante.
Vamos compará-lo outra vez com seus antecessores bem-sucedidos em reeleições: Fernando Henrique, em maio de 1997, tinha 42% de positivo e 18% de negativo, Lula, em junho de 2005, tinha 35% de positivo e 18% de negativo, Dilma, em junho de 2013, tinha 57% de positivo e 9% de negativo, tudo de acordo com o Datafolha.
A avaliação ruim de Bolsonaro, que limita seu potencial eleitoral em patamar baixo, vai se estabilizar ou cair? O que é mais realista esperar, considerando que a chance de que esses números melhorem de maneira relevante é praticamente nula, dado o buraco em que estão e o pouco tempo que há até a eleição?
Portal Novos Tempos – Fonte: Carta Capital