Cid e Ciro não se falam há um ano: ‘Se soubesse que a consequência seria essa, teria tomado partido’
Para o senador Cid Gomes (PDT), não valeu a pena se isentar do processo de escolha do candidato ao Governo do Ceará no ano passado, diante dos impactos familiares que a postura acarretou. Em entrevista na live do PontoPoder, na sexta-feira (20), Cid disse que ele e o irmão Ciro Gomes (PDT) não conversam desde agosto de 2022. O distanciamento, motivado pelo temor de abalar a relação com o irmão que concorria à presidência da República, prejudicou até mesmo a campanha pedetista ao Planalto, avalia o senador.
“Eu jamais desejaria brigar com o Ciro, mas ele brigou comigo. Eu fiz tudo e, para mim, foi um grande sacrifício, não tenha dúvida disso. (…) E tive que me abster daquela eleição, que era importante. Então, se eu soubesse que a consequência ia ser essa, eu teria tomado partido, mesmo que isso significasse brigar com o Ciro”, afirmou o senador, ao ser questionado se agiria diferente, sabendo das consequências da crise política nas eleições de 2022.
“Eu acho que o resultado seria diferente, inclusive para ele. Todas as outras vezes em que o Ciro foi candidato a presidente, mesmo ele tendo sido terceiro e até quarto lugar no Brasil, no Ceará, ele foi o primeiro. À frente de todas as campanhas dele no passado, estava eu. Não tenho dúvida que, se a candidata fosse a Izolda e a gente tivesse na nossa aliança envolvendo o PT e todos os outros partidos – o PSB, o PT, o MDB, uma série de outros –, com uma eleição presidencial em dois turnos, eu tenho certeza que o Ciro teria tido uma performance melhor. Então, a meu juízo, foi um equívoco tanto a candidatura do Roberto Cláudio, rompendo a aliança, como o Ciro ficar isolado, achando que uma candidatura própria daria a ele uma performance melhor.
CID GOMES
Senador e presidente do PDT Ceará
Todo o desentendimento político que impactou a relação familiar dos Ferreira Gomes começou na pré-campanha de 2022. Ciro queria um aliado de primeira hora como candidato ao governo local, a fim de fidelizar o palanque. Essa figura seria Roberto Cláudio. Já Cid defendia o nome de Izolda Cela (agora, sem partido), já que ela agradava não só uma parte do PDT, mas também uma parcela dos partidos aliados, sobretudo o PT.
No fim, o ex-prefeito de Fortaleza foi escolhido pelo diretório estadual, mas perdeu a disputa. Ficou em terceiro lugar, atrás do eleito Elmano de Freitas (PT) e de Capitão Wagner (União). A tensão iniciada no ano passado rende desavenças até hoje, mais de um ano depois.
Fonte: Diário do Nordeste