“NUNCA nos comunicaram não”: procurador que deixou Lava Jato desmente PGR

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Procuradores da Lava Jato em Brasília que entregaram os cargos após desentendimento com a Procuradoria Geral da República desmentiram a versão dada pela PGR neste domingo de que a saída deles já estava programada para o dia 30.

“Nunca nos comunicaram não”, afirmou um dos procuradores que pediu para sair, durante conversa com integrantes da Força Tarefa da Lava Jato, do Paraná, neste domingo. “Parece história criada agora”, afirmou à CNN um desses integrantes com quem a coluna conversou.

Horas antes, a PGR minimizou a debandada e disse que a saída de quatro procuradores da Lava Jato, em Brasília, já iria ocorrer.

À CNN, a PGR reafirmou que eles seriam desligados e que a portaria comunicando a exoneração já estava preparada.

Estopim

Os procuradores deixaram a Lava Jato em Brasília porque estavam insatisfeitos com a gestão do procurador geral, Augusto Aras –o que a PGR não comenta. O estopim foi a visita da subprocuradora geral Lindora Araújo, braço direito de Aras, à sede da Lava Jato, em Curitiba, para acesso a dados sigilosos da investigação.

“Quando o Moro (ex-ministro da Justiça) saiu, a relação mudou. A gente queria que ela viesse aqui para ver que não há nada escondido. Houve um convite antes da pandemia. Mas a visita nos pegou de surpresa. Ainda mais por causa do tom intimidatório”, afirmou à coluna um procurador do grupo no Paraná.

As informações, por conterem dados sigilosos, não poderiam ser compartilhadas, ainda que dentro do próprio órgão.

A Força Tarefa cobrou a apresentação de uma ordem judicial –o que não ocorreu. E, em conversas reservadas, passou a chamar a visita de “busca branca”, em que nada foi retirado do prédio, mas equipamentos foram objeto de vistoria.

A equipe da PGR identificou um equipamento de gravação de ligações, e este tem sido um dos pontos mais polêmicos da história toda. A Procuradoria informou que ainda não houve análise sobre o uso do aparelho. Mas a Força Tarefa logo negou se tratar de um “guardião”, um tipo de escuta, capaz de interceptar ligações telefônicas externas.

Afirma que servia para fazer gravações de ramais internos devido a ameaças que procuradores e funcionários vinham sofrendo. Após a visita, a Lava Jato do Paraná encaminhou para PGR um ofício datado de 2015 para comprovar que fez a solicitação para compra oficial do equipamento.

O episódio deixou claro que há uma desconfiança recíproca e até foi parar na Corregedoria da instituição. “Essa é uma versão paranoica e midiática. Eles sabem o que ela (a subprocuradora Lindora Araújo) foi fazer lá, pois eles a convidaram”, afirmou um integrante da cúpula da PGR à coluna.

Não é de hoje que integrantes do Ministério Público Federal demonstram descontentamento com a atuação da Lava Jato e tentam impor limites. A gestão de Aras tem como medida fazer uma reorganização das Forças Tarefas.

Portal Novos Tempos – Fonte: CNN

adauto Ferreira

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