SETE em cada dez brasileiros conhecem alguém que morreu de Covid-19

 SETE em cada dez brasileiros conhecem alguém que morreu de Covid-19

O Brasil está próximo de alcançar a marca de 400 mil mortos por Covid-19. A sensação de que a morte invadiu nossas vidas, nossas casas e parece beliscar nossos calcanhares é palpável – e real. Se em 2020, para uma parte da população a pandemia parecia concentrada em bairros da periferia ou em uma faixa etária mais alta, após termos cruzado a barreira de mais de 3 mil falecimentos diários a percepção de que a morte nos espreita se intensificou.

Um pai, uma mãe, um parente, amigo, vizinho ou conhecido. Sogro da sua prima. Amiga de sua avó. Filho. Ex-colega de classe ou de trabalho. Marido. A chance de você conhecer alguém que morreu de Covid-19 é alta. Exatamente 67,97%, considerando a população do Brasil (211 milhões de habitantes) e que cada indivíduo conheça em média 600 pessoas.

Ou seja, sete em cada dez brasileiros sabem de alguma vítima fatal da Covid em seu círculo de relacionamentos. O número é maior ainda – 77% – se levarmos em conta apenas a população adulta, os brasileiros maiores de 18 anos (163,981 milhões, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE).

Foi a esse número que chegaram Ricardo Takahashi, professor titular do Departamento de Matemática da Universidade Federal de Minas Gerais e pesquisador da área de epidemiologia matemática; Leandro Russovski Tessler, físico e professor da Universidade Estadual de Campinas; Isaac Schrarstzhaupt, cientista de dados e coordenador na Rede de Análise Covid-19; e Régis Varão, professor doutor do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica da Unicamp.

A pedido da CNN, esses cientistas calcularam qual a probabilidade de cada brasileiro conhecer uma vítima da pandemia. Para que o cálculo fosse possível, foi necessário estipular quantas pessoas o brasileiro conhece. O problema é que não existem estudos que mapeiem isso nacionalmente. Por isso, levamos em conta uma estimativa feita pela especialista em estatística, Tian Zheng, da Universidade de Colúmbia, nos EUA. Segundo ela, cada americano tem, em média, 600 conhecidos – e aí entram não apenas amigos e familiares, mas colegas de trabalho, vizinhos, pessoas que você conhece, mas de quem talvez não lembre o nome.

“Pode até ser que o brasileiro conheça mais que 600 pessoas. Mas muita gente vai dizer que conhece bem menos e outros, bem mais”, pondera o físico Leandro Tessler – afinal, trata-se de uma média.

Assim, levamos em conta também outro número: 150. Conhecido como “número de Dunbar”, ele foi estipulado, na década de 1990, pelo antropólogo inglês Robin Dunbar, da Universidade de Oxford. Dunbar calculou que o ser humano (independentemente de sua nacionalidade) tem capacidade de manter uma rede de amizades composta, em média, por 150 pessoas. Nesse seleto conjunto estão seus amigos (os distantes e os mais chegados, pessoas que você sabe o nome e que, provavelmente, estão em sua lista de contatos no celular). E toda sua família. Algumas pesquisas mostraram que, no Brasil, os parentes são pouco mais de 50% dos laços de amizade – talvez porque as famílias sejam grandes.

Estatisticamente, quando o círculo de relacionamento fica mais estreito, a chance de se conhecer uma pessoa morta pela Covid é menor, porém ainda bem significativa: 24,77%. Ou seja, um em cada quatro brasileiros tiveram uma perda próxima provocada pela pandemia. Uma perda mais dolorosa.

Portal Novos Tempos – Fonte: CNN

adauto Ferreira

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